Há alguns dias tive a oportunidade de levar os meus filhos para pescar. Esta experiência me fez "viajar no tempo" e me remeteu a muitas reflexões sobre a nossa realidade contemporânea. Se no passado, precisávamos pescar, caçar ou plantar para obtermos o nosso próprio alimento, hoje, a nossa forma de viver dispensa tais práticas. Quem vive na cidade, por exemplo, tem a oportunidade de encontrar num supermercado ou outro estabelecimento que venda alimentos, uma grande variedade de produtos produzidos no Brasil ou fora dele. Quando se tem vontade de comer um peixe, por exemplo, é possível ir até um destes estabelecimentos e comprar o produto desejado sem sequer saber efetivamente como ele se apresenta na natureza. Esta facilidade do modo de viver urbano nos afastou de antigas práticas, que hoje são desenvolvidas mais com o cunho comercial ou como uma forma de lazer.
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No entanto, essa experiência, além de me fazer pensar nestas mudanças sociais e comportamentais, também possibilitou tirar algumas lições para se pensar no ano que está chegando e as nossas atitudes frente à vida e os nossos planos, já que o início de ano, quase sempre, nos remete para um replanejamento de vida. Penso que tanto na pescaria quanto na vida precisamos atentar para o desenvolvimento de algumas competências:
- Capacidade de observação: num primeiro momento o pescador precisa conhecer o local, identificar qual o melhor lugar para se instalar, que fenômenos da natureza podem influenciar na pescaria, o tipo de isca que irá usar. Da mesma forma, em nossa vida, devemos conhecer mais as pessoas, a realidade e a nós mesmos. A observação auxilia muito neste processo para que possamos nos relacionar melhor, ter mais sucesso e bem estar.
- Ter paciência: em nosso ritmo de vida atual, a provisoriedade e instantaneidade são marcas significativas, gerando uma ideia de que tudo pode ser resolvido quase que de imediato. Porém, assim como ocorre na pescaria, precisamos ter calma e ser tolerante para atingir nossos objetivos.
- Ter esperança: quando se inicia uma pescaria não se tem certeza se o peixe virá, mas precisa-se ter esperança que isto irá ocorrer. Da mesma forma, a esperança ou a crença de que vamos alcançar nossos objetivos é o primeiro passo para nos aproximarmos deles.
- Ser responsável: ter o senso de que precisamos cuidar do meio ambiente, de que fazemos parte deste todo é primordial. Um simples gesto de devolver um peixe muito pequeno no rio, não deixar lixo, cuidar da natureza demonstra um compromisso, uma responsabilidade. Quando nos aproximamos dela, entendemos que fazemos parte deste todo e que precisamos nos responsabilizar por cada gesto frente ao ambiente. Se cuidarmos dele, estaremos cuidando das pessoas e também de nós mesmos.
- Aprender a fazer por si mesmo: você já deve ter ouvido um conhecido provérbio chinês que diz "Dê um peixe a um homem faminto e você o alimentará por um dia. Ensine-o a pescar e ele se alimentará pelo resto da vida". Esta metáfora nos envia para a ideia de que ensinar a pescar significa obter um resultado através do desenvolvimento das pessoas, em que cada uma se comprometa e se envolva no alcance dos seus objetivos. Não é tão rápido e objetivo, quanto uma abordagem mais diretiva, mas permite que cada pessoa possa construir o seu caminho para resolver as diferentes situações, conflitos e desafios enfrentados ao longo da sua vida.
Empreendedorismo: sonhos e desafios
Desta maneira, que possamos iniciar o ano mais abertos para aprender de maneira colaborativa uns com os outros, em busca de um maior desenvolvimento e na realização de sonhos. Além disso, que, no próximo ano, possamos continuar acreditando e tendo a esperança nas pessoas, na vida e no percurso que será traçado ao longo dos próximos 365 dias. Feliz 2019!